Facebook JUVINILIO FRANCISCO FILHO - HISTORIADOR
Assim como a maioria dos municípios mato-grossense e por que não dizer brasileiros, a nossa pequena Acorizal, teve sua história moldada dentro da fé religiosa para ser mais preciso da fé Cristã, então é possível detectar traços tradicionais que foram aculturados dos primórdios, e que atualmente servem de base cultural do nosso povo, entre esses traços mais marcantes, podemos destacar, as intensas homenagens de devoção que são realizadas as Santidades Católicas, onde merece uma atenção especial este artigo, as festividades aos Santos(as): São Benedito, Senhor Divino e Nossa Senhora de Brotas.
- São Benedito, santo negro, que após se destacar como cozinheiro em um mosteiro Italiano, onde mesmo contrariando as determinações monásticas, acabava ajudando e servindo refeições aos mais necessitados, daí então ser considerado o protetor dos menos favorecidos, ganhando pelo imenso universo Cristão católico, milhares de admiradores, ser sombras de dúvidas e o Santo Católico com maior número de fiéis e admiradores, Em Acorizal não é diferente seguindo a tendência da grande maioria dos Católicos é um dos Santos mais cultuados, a festividade geralmente no último final de semana de outubro, é um dos eventos mais esperados e concentram grande número de fiéis, é o encerramento das chamada FESTA GRANDE, com é conhecido por aqui.
- A festa à Senhor Divino, geralmente a segunda das chamada Festa Grande, representa a força da fé no DIVINO ESPÍRITO SANTO, é uma das festas mais charmosas, também concentra um grande número de fiéis.
- Porém geralmente é a festa da abertura um dos marcos do município é a homenagem aa PADROEIRA DO MUNICÍPIO "NOSSA SENHORA DE BROTAS". È comum as maiores promessas ser destinadas a Ela, assim a Missa e a Procissão são momentos de muita fé e devoção, famílias que a muito não visitam Acorizal, deixam a visita para essas datas, o fluxo de pessoas nestes três finais de semana é intenso, quem vem não se esquece, de forma que estes três finais de semanas, são esperados por muitos na baixada cuiabana e região.
- DA ORGANIZAÇÃO DAS FESTAS:
Aqui todos dizem que estas festas é o povo quem faz através das doações, do trabalho voluntariado e da forma contagiante como participam do evento.
Porém existem os responsáveis legais por cada uma das Festas: os FESTEIROS DO ANO, no caso de Senhor Divino essa escolha é feita através de sorteio, as outras duas geralmente, o festeiro se escala por conta de pagar uma promessa, ou uma grande devoção, é comum uma família se responsabilizar, vários anos pela organização. Estes festeiros são compostos de: Um Juiz e uma Juíza (festeiros principais), Capitão de mastro (responsável, pela retirada da madeira enfeite, e preparo da cova para firmar o mastro), um Alferes de Bandeira (responsável pela pintura ou retoque da bandeira a ser hasteada), ainda conta com a presença de duas crianças, o Juiz e aJuíza de Ramalhete, (estes acompanham a missa no Altar e durante a procissão acompanham os festeiros principais no quadro).
Para os festeiros principais, a festa começa assim que ele é nomeado na Missa de abertura da Festa no sábado de manhã, afinal ele já tem que se prepara para receber a bandeira, no domingo ao meio dia, cerveja e refrigerante, para todo o povo é distribuído de graça enquanto a banda anima o bailão que se estende pela tarde, enquanto isso o novo festeiro percorre o salão com a bandeira e um caderno onde são assentados os donativos já para a festa do próximo ano, a grande maioria das prendas são ganhos ali.
Passado a entrega de bandeira os novos festeiros começam uma peregrinação, com objetivo de ganhar o máximo de prendas possíveis, muitos fazem a opção em passar uma bandeira pelas comunidades para arrecadar fundo, outros preferem caminhos diferentes, uma coisa é certa, todos precisam estar presentes em festas da região que é para garantir a presença do povão quando chegar a hora da sua festa, nos últimos anos mesmo com toda devoção, festeiro, menos populares tem arcado com prejuízos cada vez maior. A ponto de muito não fazer questão nenhuma de ser o próximo.
As semanas que antecedem as festas é uma euforia só, os festeiros precisam, correr atrás dos donativos, então ele recorre ao caderno lá da entrega de bandeira e sai atrás, dos doadores, quase nunca recebem tudo o que está marcado, então ele precisa comprar o que falta e olha que falta sempre muita coisa, afinal não é nada fácil, alimentar sem custo algum uma multidão por dois dias. Na sexta de manhã geralmente já é servidos algo, um sarapatel com arroz , uma farofa com arroz. O certo é que do meio dia em diante o barracão já enche e aí é uma fila gigantesca, no almoço da sexta, na janta aumenta ainda mais, na madrugada do sábado é na casa da festeira com a alvorada, biscoito de polvilho, sarapatel. Arroz, cerveja, refrigerantes, tudo isso antes das seis da manhã, as sete e meia, a banda busca os festeiros para a missa, geralmente a igreja é pequena para tanta gente, durante a Missa faz-se uma pausa para a procissão, momento muito lindo da festa, também de muita tristeza pois é um dos momentos que mais lembramos de entes queridos e amigos que já se foram; quando a procissão vai chegando a igreja é um momento de grande aflição, será anunciado o nome dos novos festeiros, é uma agitação só. Enfim anunciado o novo e a nova felizardos(as) recebem os comprimentos, e já começam trabalhar para o ano que vem; após a missa sai-se a esmola que dura o dia todo, enquanto isso no clube o povão a todo vapor se prepara para a noite, ao meio dia é servido almoço para um número imenso de pessoas, e no final da tarde é servido o jantar, uma fila quilométrica está esperando este momento, gente de todo o município, e de outras regiões esperam para jantar na festa, afinal é um dos últimos grandes compromissos do festeiro velho, aí é aguardar a hora da festa, e torcer para que os amigos compareçam e que o leilão de uma boa quantia em dinheiro, que é para que o mesmo possa saudar todos os compromissos, e o bailão vai até amanhecer.
Um a coisa interessante é que, até a década de setenta, estas festas aconteciam em um único final de semana. Era um dia para cada Santo, e elas aconteciam no prédio onde atualmente funciona a Escola Dom Campelo, Na segunda metade da década de setenta, a festa foi transferida para o Clube Atlético Brotense (beira do rio Cuiabá), e mudou-se também a estrutura, passando a ser realizada nos três últimos finais de semana de outubro.
Mas vale conferir é um momento marcante na vida do município.
Acorizal Agosto de 2017.