Algo muito interessante me chamou atenção neste dia, se trata de um artigo da autora Elen L. Prates, em que faz um relato sobre a vivência amorosa e afetiva que teve e tem com nossa cidade, assim fiz questão de relembrar e publicar, pois acredito que são sensações muito comuns vividas por pessoas que amam as coisas simples que a vida pode nos proporcionar.
ARTIGO: ACORIZAL VIROU ARCO-ÍRIS.
No dia 07 de maio de 2010, antevéspera do dia das mães, depois de um exaustivo dia de trabalho me vi numa festa que há poucos instantes não fazia ideia de sua existência. Muito cansada, a princípio relutei em comparecer, mas para não fazer desfeita, fui!
Chegando ao local destinado as festividades levei um susto: A luz acabou! Imagine chegar a uma festa popular e encontrar a iluminação pública com problemas técnicos, tudo às escuras, um breu com o céu noturno salpicado de “acoris brilhantes”, luzes cintilando no céu. Já a lua não quis comparecer a festança e nos deixou no escuro mesmo.
Agora pensando melhor sobre o ocorrido percebo que a ausência da energia elétrica foi um presente de Deus para os menos avisados como eu, que “caíram de pára-quedas” no local. A claridade que surgiu do “escuridel”, como diria minha amiga e professora de matemática Suely de Jesus, trouxe a tona um banho de luz e cor. Acorizal se apresentava em uma festa multicolorida e iluminada na rua Do Meio que “brota” da diversidade colorida dos casarios.
No passo apressado da Irmã Dagmar as cores refletindo no compasso da pressa, na vontade de chegar logo ao seu destino, uma parada ali outra aqui para dar um abraço em um e outro transeunte animado com a novidade iluminada via-se seu olhar brilhando refletido nesse encanto de cor que mais parecia um arco-íris de neon na noite mato-grossense.
O que brotava na nova Rua das Brotas era a alegria da Dona Branca, Dona Edna e tantas outras Donas da antiga Rua do Meio, hoje Rua das Brotas. Lá também estava Dona Maria Costureira que costurava com o olhar o casario verde com o azul, juntinho com o lilás de Dona Leonora e Seo Benedito Gusmão, depois vinha o branco com verde, o branco sozinho, o laranja, o azul novamente, o verde, o amarelo... todos juntos fazendo se não um mosaico, uma belíssima colcha de retalhos, retalhos de vida, sentimento de pertença, paixão pela terra, pequenos pedaços de história viva e latente, de um povo simples mas rico na alegria de viver!
Acorizal estava em festa, tinha música como não poderia deixar de ser. Gilmar Fonseca com a Banda Viola de Cocho começou a influenciar o balanço nas cadeiras das animadas acorizalenses. Tocou de tudo um pouco num ecleticismo de dar gosto, dançamos embalados por Roupa Nova, Roberto Carlos, Tim Maia e muitos outros artistas interpretados pelo grupo. Mas esse ainda não foi o ponto musical mais alto da noite, Acorizal que tem um chamego com um grupo local, o Chamegar, que chamegando fez muitos pés se arrastarem nos paralelepípedos da rua do meio, do meio da festa, num frenético lambadão típico acorizalense, cheio de ginga e chamego.
Tombar casas como patrimônio histórico e cultural é reconhecer e reverenciar tudo que foi dito aqui buscando a pulsação do coração de cada habitante que está ou esteve por estas paragens, ricos de enredos, risos, desventuras e paixões. É reconhecer o ir e vir de quem aqui nasceu, mas não pode morar, é ver brilhar o sentimento de pertença arraigado no peito desse povo dos campos de acori.
Volto a enfatizar que a noite só foi especial pela explosão de cores e luzes estampadas nos belos casarios brilhantes, alvos ou flamejantes. Minhas palavras nesse texto são apenas uma tentativa de compartilhar um pouco do êxtase ao qual vivenciei no último dia 07 de maio de 2010. Acorizal, obrigada pelo convite!
Fonte: Publicado no site UEMBE - 18/05/2010 (VEJA)