Relatório aponta que corpos dágua da região hidrográfica do Paraguai sofrem grandes alterações nas suas águas.
Rios Cuiabá e Coxipó apresentam perda da qualidade da água.
Com enorme riqueza hídrica, Mato Grosso reparte as águas de três bacias mais importantes do país, sendo elas, a Amazônica, Tocantins-Araguaia e Paraguai.
Neste último caso, os canais d'água que compõem a região hidrográfica, como os rios Cuiabá, Coxipó, Vermelho e o Paraguai, têm apresentado perda gradativa da qualidade de suas águas, especialmente, no perímetro urbano das cidades que cortam.
É o que mostra relatório sobre "Gestão de Recursos Hídricos 2020", da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).
O relatório foi apresentado pela Sema à Assembleia Legislativa na última sexta-feira (11) e também traz um panorama das ações desenvolvidas pelo órgão estadual.
No Rio Cuiabá, as análises abrangem o trecho entre Nobres (142 km ao Norte da Capital) à jusante de Porto Cercado, em Poconé (104 km ao Sul).
Ao longo da caixa d'água, são 13 estações de coleta das amostras. Destas, seis apresentaram índice de qualidade da água (IQA) considerado como regular, em 2019.
Esses seis pontos ficam na região conhecida como Marzagão, em Nobres; jusantes do Córregos Barbado, Ribeirão dos Cocais e São Gonçalo; em Santo Antônio de Leverger (cidade e Praia do Poço).
Os demais contam com IQA médio classificado como bom, entre eles, a jusante de Nobres; ponte em Rosário Oeste (MT-010); Acorizal; Passagem da Conceição; jusantes do Córrego Mané Pinto, Barão de Melgaço e do Porto Cercado.
Já no Rio Coxipó, que também passa pelo perímetro urbano da Capital, dentre quatro estações, duas estão regulares (ponte Avenida das Torres e Fernando Correa).
Os locais considerados bons estão em Chapada dos Guimarães e o Distrito do Coxipó do Ouro.
Ainda em Cuiabá, os trechos do Rio Pari (ponte) e do Córrego do Moinho (ponte sobre a Avenida Archimedes Pereira Lima) têm classificação ruim.
No Rio Vermelho, as quatro estações apresentam índice regular.
Já no Rio Paraguai, entre outros dados, o levantamento aponta IQA regular nas estações da jusante e montante, ambos em Cáceres (220 quilômetros da Capital) e categorização boa na jusante de Barra do Bugres, ponte e usina hidrelétrica, ambos em Alto Paraguai.
"É importante ressaltar ainda que nem todas as alterações na qualidade da água dos rios de Mato Grosso tiveram causas antrópicas. Muitos rios apresentam grandes alterações na qualidade de suas águas devido a processos naturais promovidos pela sazonalidade do ciclo ecológico, uma vez que Mato Grosso possui um ciclo hidrológico sazonalmente bem demarcado, com meses bem chuvosos e com meses bem secos, o que determina mudanças na estrutura e dinâmica dos ecossistemas", diz documento da Sema.
Ainda segundo o documento, os resultados obtidos mostram que os canais da região Amazônica contam com boa integridade ecológica, sendo a única que apresentou predomínio de locais com a categoria boa, em 2019, bem como em 2018.
"Entretanto, algumas estações já começam a sofrer processos pontuais de enriquecimento orgânico, apresentando pontualmente altos valores de fósforo total e E. Coli e baixos valores de oxigênio dissolvido", revela.
Os rios da região hidrográfica Tocantins-Araguaia também apresentam boa integridade ecológica, com predomínio da categorização boa, além da regular.
O documento é uma iniciativa da Superintendência de Recursos Hídricos (SURH).
"Este foi um ano de muitos desafios, mas também muitos resultados. A questão dos recursos hídricos deve ser encarada com preocupação e responsabilidade, estamos enfrentando uma crise hídrica no Brasil. A população deve estar cada vez mais inserida nas discussões de políticas de recursos hídricos e essas discussões devem ser preventivas e em uma velocidade maior", afirmou a secretária adjunta de Licenciamento Ambiental e Recursos Hídricos, Lilian Ferreira dos Santos.
As atualizações da Política Estadual de Recursos Hídricos, pela Lei nº 11.088 de 2020, tem entre suas principais alterações a inserção do princípio que a água é bem de domínio público e que a gestão deve ser descentralização e com participação do poder público, usuários e comunidades e também o acréscimo dos Planos de Bacias Hidrográficas.
Fonte: Diário de Cuiabá