Inaugurado em agosto de 1907, foi o primeiro dos 24 postos telegráficos implantados pela Comissão Rondon entre Cuiabá e Porto Velho, no atual Estado de Rondônia. Situado a 59 quilômetros de Cuiabá, o posto representou um melhoramento notável nas comunicações com a capital ao facilitar o deslocamento de médicos para atender ocorrências de caráter emergencial na freguesia. Era muito utilizado, também, como instrumento para fomentar intrigas políticas através do repasse de notas aos jornais de Cuiabá ditadas pelos fios telegráficos. Em setembro de 1928, o povoado da Aldeia passou a se conectar ao posto telegráfico por meio de linha telefônica.
Brotas foi criada freguesia (paróquia) do Bispado de Cuiabá em 26 de agosto de 1833, mas nunca dispôs de pároco residente. Como tal, dependia da assistência religiosa prestada esporadicamente por padres da capital.
Era a chamada desobriga, a visita que o sacerdote realizava uma vez ao ano para a distribuição dos sacramentos. Em diversas ocasiões, a desobriga em Brotas foi cumprida pelo arcebispo Dom Aquino Corrêa, como a de 1940 em que foi recebido à entrada do povoado pelas figuras ilustres e o povo do lugar.
Na ocasião, presidiu missas, procissões, sessão da Conferência Vicentina, realizou batizados e crismas, distribuiu comunhões, visitou famílias, entronizou imagens de devoção e participou de banquetes.
A despeito da religiosidade observada pela população, em Brotas ocorreram crimes célebres que foram imortalizados nas crônicas de memorialistas. Um exemplo emerge do caso envolvendo o estrangulamento de Inês Policiana de Figueiredo ocorrido em abril de 1848: ela teve o pescoço deslocado e o corpo totalmente marcado por unhas e dentes.
Os autores foram seu marido, João do Espírito Santo, e a amante Maria Leme, que foi condenada às galés perpétuas (prisão com trabalhos forçados para toda a vida). João do Espírito Santo, contudo, jamais foi encontrado pelas autoridades policiais.
Igualmente comuns eram os crimes cometidos por escravos, largamente empregados como mão de obra nas propriedades rurais da freguesia. Em setembro de 1881, por exemplo, o cativo José Congo, propriedade de João Pinto de Figueiredo, assassinou, por motivos banais, Benedito Pinto de Arruda, sendo preso pelo subdelegado de polícia da freguesia e recolhido à cadeia pública de Cuiabá. O subdelegado era a maior autoridade policial em Brotas, mas eram constantes as reclamações de que vivia pelas matas de poaia exploradas na região, mais preocupado em angariar meios para enriquecimento próprio e pouco se empenhando na resolução dos crimes que campeavam no lugar.
Ações desviantes eram igualmente praticadas pelo sexo feminino. Em agosto de 1904 “vinte e tantas mulheres”, algumas delas casadas e reconhecidas por suas lides agrícolas, foram presas como vagabundas e escoltadas até Cuiabá, mas o Chefe de Polícia mandou soltá-las, ato largamente reprovado pela imprensa da capital. Os “delitos” que cometeram na freguesia foram estes: ingestão de álcool, participação em diversões profanas e prostituição.
Em 1914 funcionavam na localidade três escolas, sendo uma mista, outra para o sexo masculino e outra para o sexo feminino que atendiam 62 alunos no total. A travessia do Rio Cuiabá era feita por meio de barca construída e mantida pelo governo estadual.
No ano de 1918, Brotas ganhou uma agência dos Correios que recebia malas postais expedidas da capital nos dias 10, 20 e 30 de cada mês. Causou perturbação no serviço postal o acidente ocorrido em janeiro de 1887 com o estafeta Manoel Gonçalves dos Santos. Ao retornar de Diamantino ele tentou atravessar o Rio Acorizal, cheio em virtude das fortes chuvas, mas acabou arrastado pela correnteza juntamente com os animais que transportavam os malotes.
Em 1899, o governo estadual implantou uma colônia agrícola na freguesia para assentar retirantes cearenses, experiência que não foi muito bem-sucedida já que eles acabaram se embrenhando nos seringais para extrair o látex. No censo de 1940, Brotas, já na condição de distrito de Cuiabá sob a denominação de Acorizal, registrou uma população de 5.647 habitantes, dos quais 501 residiam no núcleo urbano.
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História e Geografia - Facebook Marcos Amaral Mendes